questions gramatica classes-do-nome-pronomes - Português (2024)

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Classes do Nome - PronomesGR0344 - (Pucrj)Assinale a alterna�va em que está corretamente indicadaa sequência dos referentes dos termos sublinhados noseguinte trecho do Texto.“Precisamos dar mais atenção a como os ar�stasrealmente pensam nas e com as artes — as novas ideiasque lhes ocorrem, incluindo novas “ideias de arte” ouideias a respeito de suas a�vidades, de seus própriosmateriais ou ins�tuições —, e depois a como essas ideiasse enquadram em campos mais amplos, que envolvemmuitos outros discursos: as ciências, a polí�ca e até aprópria filosofia."a) ar�stas – ideias – camposb) ideias – a�vidades – discursosc) artes – ideias – materiaisd) ar�stas – artes – camposGR0076 - (Insper)Leia o texto para responder à questão.27 de janeiroAfricaNas minhas andanças, fui parar na África e láconversei com aqueles homens da Unesco, os bons, nãoos burocratas. Um deles me disse: “Cada vez que morreum velho africano é uma biblioteca que se incendeia.”Fiquei pensando no nosso índio. Pensando naAmazônia. Indio, escritor e árvore — as três espécies emprocesso de ex�nção. Condenadas ao aniquilamento, oíndio principalmente. Será que antes de chegarmos àsolução final do nosso problema indígena teremos tempode captar um pouco da sua arte e de sua vida, nas quais osagrado e a beleza se confundem para alimentar nossacultura e nosso remorso?(Lygia Fagundes Telles. A disciplina do amor, 1980.) Em “Será que antes de chegarmos à solução final donosso problema indígena teremos tempo de captar umpouco da sua arte e de sua vida, nas quais o sagrado e abeleza se confundem para alimentar nossa cultura enosso remorso?” (2º parágrafo), o termo sublinhadorefere-se aa) “cultura” e “remorso”.b) “arte” e “vida”.c) “sagrado” e “beleza”.d) “solução final” e “problema indígena”.e) “beleza” e “cultura”.GR0071 - (Enem)Há qualquer coisa de especial nisso de botar a cara najanela em crônica de jornal – eu não fazia isso há muitosanos, enquanto me escondia em poesia e ficção. Crônicaalgumas vezes também é feita, intencionalmente, paraprovocar. Além do mais, em certos dias mesmo o escritormais escolado não está lá grande coisa. Tem os quemostram sua cara escrevendo para reclamar: modernademais, an�quada demais. Alguns discorrem sobre oassunto, e é gostoso compar�lhar ideias. Há os textosque parecem passar despercebidos, outros rendem ummontão de recados: “Você escreveu exatamente o que eusinto”, “Isso é exatamente o que falo com meuspacientes”, “É isso que digo para meus pais”, “Comenteicom minha namorada”. Os es�mulos são valiosos praquem nesses tempos andava meio assim: é como mebotarem no colo – também eu preciso. Na verdade,nunca fui tão posta no colo por leitores como na janelado jornal. De modo que está sendo ó�ma, essabrincadeira séria, com alguns textos que iam acabarneste livro, outros espalhados por aí. Porque eu levo asério ser sério... mesmo quando parece que estoubrincando: essa é uma das maravilhas de escrever. Comoescrevi há muitos anos e con�nua sendo a minhaverdade: palavras são meu jeito mais secreto de calar. (LUFT, L. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record,2004.) Os textos fazem uso constante de recursos que permitema ar�culação entre suas partes. Quanto à construção dofragmento, o elemento1@professorferretto @prof_ferrettoa) “nisso” introduz o fragmento “botar a cara na janelaem crônica de jornal”. b) “assim” é uma paráfrase de “é como me botarem nocolo”. c) “isso” remete a “escondia em poesia e ficção”. d) “alguns” antecipa a informação “É isso que digo parameus pais”. e) “essa” recupera a informação anterior “janela dojornal”.GR0074 - (Famerp)Considere a �rinha Garfield, de Jim Davis.O pronome “este”, no terceiro quadrinho,a) refere-se ao presente do personagem, em que não hádiversão. b) retoma o sen�do das palavras “o mundo”. c) refere-se ao período em que o mundo diverte opersonagem. d) aponta para um momento em que o desejo dopersonagem se realizaria.e) retoma o sen�do da frase “o mundo existe para mediver�r”.GR0365 - (Uerj)CIVILIZAÇÃOA matéria saiu no New York Times, foi publicadana Folha de São Paulo; deveria ser bibliografia obrigatóriado ensino fundamental à pós-graduação, deveria sercolada aos postes, lançada de aviões, viralizada nas redessociais, impressa em san�nhos, guardada na carteira, nobolso ou no su�ã e lida toda vez que a desilusão, odesespero, a melancolia ou mesmo o tédio batesse naporta, batesse na aorta: “Para salvar Stradivarius, umacidade inteira fica em silêncio”.Antonio Stradivari viveu entre 1644 e 1737 emCremona, norte da Itália, cidadezinha que hoje conta com72.267 habitantes. Durante algumas décadas dos séculosXVII e XVIII, Stradivari produziu instrumentos de corda,como violinos, cujos sons quase quatro séculos deconhecimento acumulado não foram capazes de igualar.Por muito tempo permaneceu um mistério o quefazia aqueles instrumentos tão diferentes dos demais,fabricados antes ou depois. Estudos recentes, porém,mostraram que, para além da artesania magistral doluthier*, um tratamento químico dado à madeira, àépoca da fabricação, interfere na qualidade do som dosinstrumentos.O tempo de uso também entra na equação: asecura da madeira e a distância entre as fibras, causadapela oxidação, são razões pelas quais, segundo o dr.Hwan-Ching Tai, autor de um estudo de 2016, “essesvelhos violinos vibram mais livremente, o que permite aeles expressar uma gama mais ampla de emoções”.Se é verdade que os violinos Stradivarius, comomuitos vinhos, melhoraram com o tempo, é inexorávelque, em algum momento, avinagrem. Pois esse momentose aproxima: depois de quase quatrocentos anosespalhando a melhor música que já foi ouvida, osviolinos, violoncelos e violas de Cremona estão a�ngindoseu limite. Logo estarão frágeis demais para seremtocados e serão, segundo Fausto Cacciatori, curador doMuseu do Violino de Cremona, “colocados para dormir”.Antecipando-se ao sono derradeiro, osmoradores de Cremona criaram o Projeto Stradivarius.“Por cinco semanas, quatro músicos, tocando doisviolinos, uma viola e um violoncelo, farão centenas deescalas e arpejos, usando técnicas diferentes com arcos,ou dedilhando as cordas”, sob “trinta e dois microfonesde alta sensibilidade”. Três engenheiros de som,trancados num quar�nho à prova de qualquer ruído, noauditório do museu, gravarão cada uma das centenas demilhares de variações sonoras, de modo que, no futuro,será possível compor músicas com o som dosStradivarius.O projeto já estava quase saindo do papel em2017 quando os idealizadores perceberam que o barulhoem torno do museu impossibilitaria as gravações. Oprefeito de Cremona, então, permi�u que as ruas daregião fossem fechadas até que a úl�ma nota fosseimortalizada. A cidade calou-se e os Stradivariuscomeçaram a cantar.Até meados de fevereiro, os 72.267 moradoresda cidadezinha italiana deixarão de buzinar suaslambretas, “nonas” evitarão gritar às janelas e amigoscochicharão pelas mesas dos cafés para que daqui aquatrocentos anos um garoto em Cremona, Mumbai ouReykjavik possa compor uma música com as notas únicase inimitáveis saídas de instrumentos feitos à mão por um2@professorferretto @prof_ferrettohomem que morreu quase um milênio antes de essegaroto nascer. Acho que é disso que estamos falandoquando falamos em civilização.ANTONIO PRATA. Adaptado de www1.folha.uol.com.br,27/01/2019. * Luthier: profissional especializado em instrumentos decordas. Acho que é disso que estamos falando quando falamosem civilização. (úl�mo parágrafo, itálico) O termo “disso” se refere a pra�camente toda a crônicade Antonio Prata e pode ser resumido como o esforço dacomunidade para:a) renovar sua história socialb) divulgar seu folclore regionalc) preservar sua herança culturald) pesquisar seu cancioneiro popularGR0075 - (Mackenzie)(Adaptada)Mesmo que o homem conseguisse construir umcomputador que fizesse tudo o quee bonito.Naturalmente deixei de dormir em rede. Comprei móveise diversos objetos que entrei a u�lizar com receio, outrosque ainda hoje não u�lizo, porque não sei para queservem.Aqui existe um salto de cinco anos, e em cincoanos o mundo dá um bando de voltas. Ninguémimaginará que, topando os obstáculos mencionados, euhaja procedido invariavelmente com segurança epercorrido, sem me deter, caminhos certos. Não senhor,não procedi nem percorri. Tive aba�mentos, desejo derecuar; contornei dificuldades: muitas curvas. Acham queandei mal?A verdade é que nunca soube quais foram osmeus atos bons e quais foram os maus. Fiz coisas boasque me trouxeram prejuízo; fiz coisas ruins que deramlucro. E como sempre �ve a intenção de possuir as terrasde S. Bernardo, considerei legí�mas as ações que melevaram a obtê-las.Alcancei mais do que esperava, mercê de Deus.Vieram-me as rugas, já se vê, mas o crédito, que aprincípio se esquivava, agarrou-se comigo, as taxasdesceram. E os negócios desdobraram-seautoma�camente. Automa�camente. Di�cil? Nada! Seeles entram nos trilhos, rodam que é uma beleza. Se nãoentram, cruzem os braços. Mas se virem que estão desorte, metam o pau: as tolices que pra�carem viramsabedoria. Tenho visto criaturas que trabalham demais enão progridem.Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro:quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca– e engolem tudo.Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeirastenta�vas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nasseguintes. Depois da morte do Mendonça, derrubei acerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto emque estava no tempo de Salus�ano Padilha. Houvereclamações.– Minhas senhoras, seu Mendonça pintou odiabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não18@professorferretto @prof_ferrettogostar, paciência, vá à jus�ça.Como a jus�ça era cara, não foram à jus�ça. E eu,o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralí�code um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife,estudando Direito. Respeitei o engenho do Dr.Magalhães, juiz. Violências miúdas passaramdespercebidas. As questões mais sérias foram ganhas noforo, graças às chicanas de João Nogueira.Efetuei transações arriscadas, endividei-me,importei maquinismos e não prestei atenção aos que mecensuravam por querer abarcar o mundo com as pernas.Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meusprodutos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem.Azevedo Gondim compôs sobre ela dois ar�gos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Britotambém publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me eelogiando o chefe polí�co local. Em consequênciamordeu-me cem mil-réis.(S. Bernardo, 1996.) “Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se da pedra,bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva e órfãosmiúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu no fogo, aslombrigas comeram o segundo, o úl�mo teve angina e amulher enforcou-se.” (2º parágrafo) Os pronomes sublinhados referem-se, respec�vamente, aa) “alavanca”, “um”, “viúva e órfãos”.b) “pedra”, “um”, “meninos”.c) “pedra”, “alavanca”, “viúva e órfãos”.d) “alavanca”, “pedra”, “viúva e órfãos”.e) “alavanca”, “pedra”, “meninos”.GR0069 - (Pucmg)A importância do ato de lerCon�nuando neste esforço de “re-ler”momentos fundamentais de experiências de minhainfância, de minha adolescência, de minha mocidade, emque a compreensão crí�ca da importância do ato de lerse veio em mim cons�tuindo através de sua prá�ca,retomo o tempo em que, como aluno do chamado cursoginasial, me experimentei na percepção crí�ca dos textosque lia em classe, com a colaboração, até hoje recordada,do meu então professor de língua portuguesa. Não eram,porém, aqueles momentos puros exercícios de queresultasse um simples dar-nos conta de uma páginaescrita diante de nós que devesse ser cadenciada,mecânica e enfadonhamente “soletrada” e realmentelida. Não eram aqueles momentos “lições de leitura”, nosen�do tradicional desta expressão. Eram momentos emque os textos se ofereciam à nossa inquieta procura,incluindo a do então jovem professor José Pessoa.Algum tempo depois, como professor tambémde português, nos meus vinte anos, vivi intensamente aimportância de ler e de escrever, no fundoindicotomizáveis, com os alunos das primeiras séries doentão chamado curso ginasial. A regência verbal, asintaxe de concordância, o problema da crase, osincli�smo pronominal, nada disso era reduzido por mima tabletes de conhecimentos que devessem ser engolidospelos estudantes. Tudo isso, pelo contrário, era propostoà curiosidade dos alunos de maneira dinâmica e viva, nocorpo mesmo de textos, ora de autores queestudávamos, ora deles próprios, como objetos a seremdesvelados e não como algo parado, cujo perfil eudescrevesse. Os alunos não �nham que memorizarmecanicamente a descrição do objeto, mas apreender asua significação profunda. Só apreendendo-a seriamcapazes de saber, por isso, de memorizá-la, de fixá-la. Amemorização mecânica da descrição do elo não secons�tui em conhecimento do objeto. Por isso, é que aleitura de um texto, tomado como pura descrição de umobjeto é feita no sen�do de memorizá-la, nem é realleitura, nem dela portanto resulta o conhecimento doobjeto de que o texto fala.Creio que muito de nossa insistência, enquantoprofessoras e professores, em que os estudantes “leiam”,num semestre, um sem-número de capítulos de livros,reside na compreensão errônea que às vezes temos doato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, nãoforam poucas as vezes em que jovens estudantes mefalaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias aserem muito mais “devoradas" do que realmente lidas ouestudadas. [...]A insistência na quan�dade de leituras sem odevido adentramento nos textos a seremcompreendidos, e não mecanicamente memorizados,revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão queurge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desdeoutro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quemescreve, quando iden�fica a possível qualidade de seutrabalho, ou não, com a quan�dade de páginas escritas.No entanto, um dos documentos filosóficos maisimportantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach,de Marx, tem apenas duas páginas e meia.Parece importante, contudo, para evitar umacompreensão errônea do que estou afirmando, sublinharque a minha crí�ca à magicização da palavra nãosignifica, de maneira alguma, uma posição poucoresponsável de minha parte com relação à necessidadeque temos, educadores e educandos, de ler, sempre eseriamente, os clássicos neste ou naquele campo dosaber, de nos adentrarmos nos textos, de criar umadisciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossaprá�ca enquanto professores e estudantes.Paulo Freire 19@professorferretto @prof_ferrettoAnalise o excerto dado e os itens lexicais neledestacados:A insistência na quan�dade de leituras sem odevido adentramento nos textos a seremcompreendidos, e não mecanicamente memorizados,revela uma visão mágica da palavra escrita.Visão que urge ser superada. A mesma,ainda que encarnada desde outro ângulo, que seencontra, por exemplo, em quem escreve, quandoiden�fica a possível qualidade de seu trabalho, ou não,com a quan�dade de páginas escritas. Sobre esse fragmento, é INCORRETO afirmar:a) A palavra “outro”, pronome indefinido, refere-se aosubstan�vo “ângulo”, com ele concordando em gêneroe número. b) O item “mesmo” (e flexões), segundo a gramá�canorma�va, não deve subs�tuir pronome pessoal – ocorreto seria “Ela, ainda que...”. c) O item lexical “que”, nas duas ocorrências destacadas,é pronome rela�vo e retoma o termo “visão”.d) O pronome possessivo “seu” concorda com osubstan�vo a que antecede, porém retoma outropronome, “quem”, sujeito do verbo “escrever”.GR0084 - (Enem)Toca a sirene na fábrica,e o apito como um chicotebate na manhã nascentee bate na tua cama no sono da madrugada.Ternuras da áspera lonapelo corpo adolescente.E o trabalho que te chama.Às pressas tomas o banho,tomas teu café com pão,tomas teu lugar no boteno cais do Capibaribe.Deixas chorando na esteirateu filho de mãe solteira.Levas ao lado a marmita,contendo a mesma raçãodo meio de todo o dia,a carne-seca e o feijão.De tudo quanto ele pededás só bom-dia ao patrão,e recomeças a lutana engrenagem da fiação.MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: CivilizaçãoBrasileira, 1964. Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formasverbais e pronominais a) ajuda a localizar o enredo num ambiente está�co.b) auxilia na caracterização �sica do personagemprincipal.c) acrescenta informações modificadoras às ações dospersonagens.d) alterna os tempos da narra�va, fazendo progredir asideias do texto.e) está a serviço do projeto poé�co, auxiliando nadis�nção dos referentes.GR0620 - (Enem)Vera, Sílvia e Emília saíram para passear pela chácaracom Irene.— A senhora tem um jardim deslumbrante, donaIrene! — comenta Sílvia, maravilhada diante doscanteiros de rosas e hortênsias.— Para começar, deixe o “senhora” de lado e esqueçao “dona” também — diz Irene, sorrindo. — Já é um custoaguentar a Vera me chamando de “�a” o tempo todo.Meu nome é Irene.Todas sorriem. Irene prossegue:— Agradeço os elogios para o jardim, só que você vaiter de fazê-los para a Eulália, que é quem cuida dasflores. Eu sou um fracasso na jardinagem.BAGNO, M. A língua de Eulália: Novela Sociolinguís�ca.São Paulo: Contexto, 2003. (Adaptado.) Na língua portuguesa, a escolha por “você” ou“senhor(a)” denota o grau de liberdade ou de respeitoque deve haver entre os interlocutores. No diálogoapresentado acima, observa-se o emprego dessasformas. A personagem Sílvia emprega a forma “senhora”ao se referir à Irene. Na situação apresentada no texto, oemprego de “senhora” ao se referir à interlocutoraocorre porque Sílviaa) pensa que Irene é a jardineira da casa.b) acredita que Irene gosta de todos que a visitam.c) observa que Irene e Eulália são pessoas que vivem emárea rural.d) deseja expressar por meio de sua fala o fato de suafamília conhecer Irene.e) considera que Irene é uma pessoa mais velha, com aqual não tem in�midade.GR0626 - (Ufrgs)A pesquisa em gramá�ca (2) também tem seusmistérios (1) – aspectos da língua que (8) ninguémconseguiu (4) até hoje formular direito. Acho que nãoexagero se disser que a maioria dos fenômenosgrama�cais já observados não tem uma explicação (5)sa�sfatória. Vejamos (12) um exemplo.20@professorferretto @prof_ferrettoSabemos que, em muitas frases, o sujeito exprime oser que pra�ca a ação (ou, mais exatamente, que causa oevento). Isso acontece na frase: Minervina entortou meuguarda-chuva. Acontece que (14), com o verbo entortar(19), nem sempre o sujeito exprime quem pra�ca a ação.Se não houver objeto, isto é (6), se só houver o sujeito eo verbo, o sujeito exprime quem (22) sofre a ação, comoem Meu guarda-chuva entortou. Essa frase,naturalmente (25), não significa (7) que o guarda-chuva(24) pra�cou a ação de entortar alguma coisa, mas queele (23) ficou torto. Mesmo se o sujeito fosse o nome deuma pessoa (que, em princípio, poderia pra�car umaação), o efeito se verifica: Minervina entortou. Essa frasequer dizer que Minervina ficou torta, não que ela (9)entortou alguma coisa.A mudança de significado do sujeito que vimos (13)acima acontece com muitos verbos do português (20);por exemplo, quebrar, esquentar, rasgar (28). Uma vezque é bastante regular, esse comportamento (10) deve(ou deveria) (26) ser incluído na gramá�ca portuguesa.Agora, o mistério: em certos casos, o fenômeno damudança de significado do sujeito não ocorre, e ninguémsabe ao certo por quê. Assim, podemos dizer O leiteesquentou, e isso significa que o leite se tornou quente,não que ele (11) esquente alguma coisa. Mas na fraseEsse cobertor esquenta, entende-se (17) que o cobertoresquenta a gente (isto é, causa o aquecimento (21)), enão que ele se torne (18) quente. Ninguém sabe direito(15) por que verbos como esquentar (e vários outros(27)) não se comportam como o esperado em frasescomo essa. Provavelmente, o fenômeno tem a ver com asituação evocada pelo verbo. Mas falta ainda um estudosistemá�co (3), e, por enquanto, esses fatos não cabemem teoria nenhuma.Enfim, para quem gosta de certezas e seguranças,tenho más no�cias: a gramá�ca não está pronta. Paraquem gosta de desafios, tenho boas no�cias: a gramá�canão está pronta. Um mundo (16) de questões eproblemas con�nua sem solução, à espera de novasideias, novas análises, novas cabeças.(Adaptado de: PERINI, M. A. Pesquisa em gramá�ca. In:Sofrendo a gramá�ca: ensaios sobre linguagem. SãoPaulo: Á�ca, 2000. p. 82-85.) Assinale a alterna�va em que se estabelece uma relaçãocorreta entre um pronome ou expressão e aquilo a quese refere.a) seus mistérios (1) – mistérios da pesquisa emgramá�ca.b) que (8) – língua.c) ela (9) – essa frase.d) esse comportamento (10) – comportamento dasfrases.e) ele (11) – o fenômeno da mudança de significado.GR0024 - (Ufsc) Considerando a norma padrão escrita e o uso de “aonde”e “onde” no texto, atribua verdadeiro (V) ou falso (F) àsafirma�vas abaixo. (__) “Onde” pode ser subs�tuído por “em que” semprejuízo de significado.(__) “Aonde” pode ser subs�tuído por “no qual” semprejuízo de significado.(__) “Onde” exprime ideia de movimento.(__) “Onde” e “aonde” são preposições.(__) “Aonde” está acompanhado de um verbo demovimento. Assinale a alterna�va que apresenta a sequênciaCORRETA, de cima para baixo.a) V – V – F – F – Fb) V – F – F – V – Vc) F – V – V – V – Vd) F – F – F – V – Ve) V – F – F – F – VGR0025 - (Ufrr)Brasil é país mais preocupado com no�cias falsas, dizestudo globalNa opinião dos autores, a polarização polí�canesses países, provocada por eleições, pode ter21@professorferretto @prof_ferrettofavorecido essa percepçãoPor Agência Brasil16 jun 2018O Brasil aparece como o país mais preocupadocom as chamadas “no�cias falsas” (fake news) em umestudo global que analisou a realidade de 37 nações. Dosentrevistados brasileiros, 85% manifestaram preocupaçãocom a veracidade e a possibilidade de manipulação nasno�cias lidas. A lista é seguida por Portugal (71%),Espanha (69%), Chile (66%) e Grécia (66%).Na opinião dos autores, a polarização polí�canesses países provocada por eleições, referendos eoutros grandes processos de disputa na sociedadepodem ter favorecido essa percepção.(...) Quando tomada a amostra de formaconjunta, a média geral das pessoas consultadas pelolevantamento preocupadas com a veracidade dasinformações lidas na Internet ficou em 54%.O Relatório sobre No�cias Digitais do Ins�tutoReuters, uma das mais importantes pesquisas do mundosobre o tema, foi divulgado nesta semana. Olevantamento fez entrevistas para iden�ficar hábitos deconsumo da população em relação a veículos de mídia eprodutos jornalís�cos.PercepçãoOs autores da pesquisa apontam uma percepçãomaior do que a realidade vivida pelas pessoas. Do totaldos entrevistados, 58% disseram estar preocupados comno�cias “fabricadas”, mas apenas 26% conseguiramiden�ficar casos concretos. Essa diferenciação,entretanto, não foi feita por país, não permi�ndoiden�ficar se essa disparidade ocorre nas nações onde apreocupação foi maior, como no Brasil.“Quando olhamos para os resultados do nossoestudo, descobrimos que quando consumidores falamsobre ´fake news´ eles estão preocupados também commau jornalismo, prá�cas de caça de cliques eenviesamento”, argumentam os autores da pesquisa.ProvidênciasMesmo assim, as pessoas consultadas colocarama necessidade de providências sobre o assunto. Naavaliação dos entrevistados, os principais responsáveispor adotar medidas de combate às chamadas no�ciasfalsas deveriam ser os veículos tradicionais de mídia(75%) e as plataformas digitais (71%).Na compreensão dos autores, essa percepçãoestaria relacionada ao fato de muitas reclamações comfoco na veracidadeou manipulação estarem relacionadasa mídias tradicionais, e não a conteúdos fabricados porsites desconhecidos.A adoção de alguma regulação pelo Estado paraatacar o problema ganhou aceitação sobretudo entreasiá�cos (63%) e europeus (60%). Na Europa, a regulaçãodo tema tem ganhado espaço. No úl�mo ano, aAlemanha aprovou uma lei que passa a responsabilidadepela fiscalização de conteúdos falsos e ilegais àsplataformas. No Brasil, já há diversos projetos de leitramitando no Congresso visando estabelecer regrassobre o tema.Disponível em: . Acesso em: 20/07/2018. No trecho: “... não permi�ndo iden�ficar se essadisparidade ocorre nas nações onde a preocupação foimaior, como no Brasil.”, o termo destacado foicorretamente u�lizado em:a) Onde estão indo as pessoas naquele carro?b) Aquela situação onde eu fui envolvida me prejudicoumuito.c) Ouvi uma história onde a personagem principal erauma menina extraterrestre.d) O ar�sta deve ir onde o povo está.e) Gostaria de estar na cidade onde nos conhecemos.GR0675 - (Espm)Ultra aequinoxialem non peccariA primeira vez que deparei com a máxima queencabeça este ar�go foi ouvindo “Não Existe Pecado aoSul do Equador”, de Chico Buarque e Rui Guerra. Acanção, que fazia parte originalmente da peça “Calabar”(banida pela censura no início dos anos 70), ganhou vidaprópria na voz insinuante e melindrosa de NeyMatogrosso, como tema da novela “Pecado Rasgado”, daTV Globo, em 1978. Tempos de diástole. Anos mais tarde,voltei a tropeçar nela. Curiosamente, a máxima apareciaem nota de rodapé de “Raízes do Brasil” (1936), obra-prima do historiador paulista (e pai de Chico) SérgioBuarque de Holanda: “Corria na Europa, durante o século17, a crença de que aquém da linha do Equador nãoexiste nenhum pecado: Ultra aequinoxialem non peccari.Barlaeus, que menciona o ditado, comenta-o, dizendo:‘Como se a linha que divide o mundo em dois hemisfériostambém separasse a virtude do vício’”. (...)Mas o que despertou o meu interesse pela máximaseiscen�sta não foi a mera paixão de an�quário – acuriosidade ociosa que impele o historiador de ideias aoencalço, por vezes febril, de uma genealogia recôndita1.Foi a súbita percepção do uso diametralmente opostoque pai e filho – historiador e poeta –fizeram dela.Aos olhos de Sérgio Buarque, a máxima temconotação fortemente nega�va. Ela reflete a realidadeamarga do ambiente de desregramento, permissividade eegoísmo anárquico – os desmandos da luxúria e dacobiça” de que fala Paulo Prado em “Retrato do Brasil”(1928) – criado pela aventura colonial europeia nostrópicos. (...)Na poé�ca de Chico Buarque, porém, o sinal seinverte. A ausência da noção de pecado não reflete mais22@professorferretto @prof_ferrettoa nossa incapacidade secular de criar uma é�ca cívica eum Estado moderno – de estabelecer regras impessoaisque tornem a nossa convivência menos violenta, iníqua2e precária–, mas passa a ser vista como a senha darealização terrena vedada ao puritano – a busca doprazer sem peias3 e sem culpa no plano da afe�vidadepessoal.Onde o historiador lamenta, o compositor festeja. Acanção de Chico e Guerra nos convida a desfrutar oinstante – “ubi bene, ibi patria” (“onde se está bem, aí é apátria”) – e faz a celebração dionisíaca do excesso e dalibidinagem.(Eduardo Gianne�, economista, professor, Folha deS.Paulo, 04 de março de 1999) 1recôndita: escondida, oculta.2iníqua: Perversa, malévola; extremamente injusta.3peias: embaraços, impedimentos, estorvos, empecilhos. No texto II, na frase: “A primeira vez que deparei com amáxima que encabeça este ar�go”, o uso do pronomedemonstra�vo “este” se deve ao fato de:a) referir-se ao elemento mais próximo (“ar�go”) emoposição ao mais distante (“máxima”).b) tratar-se de um assunto (“ar�go”) que ainda vai serdito ou mencionado.c) tratar-se de um assunto (“ar�go”) que já foi dito oumencionado.d) o elemento a que se refere (“máxima") estar próximoda primeira pessoa, próximo do emissor, no caso oautor do texto.e) o elemento a que se refere (“ar�go”) estar próximo dasegunda pessoa, próximo do receptor, no caso o leitor.GR0676 - (Espm)Três anos após o ápice da crise de refugiados naEuropa, boa parte dos europeus apoiam os acolhimentosde imigrantes fugidos de países violentos ou em guerra,mas desaprovam a forma com que a União Europeia lidacom a questão.(Folha de S.Paulo, 17/03/2019.) Subs�tuindo-se o complemento da forma verbal“apoiam” por um pronome pessoal oblíquo, tem-se:a) apoiam-os.b) apoiam-los.c) apoiam-nos.d) apoiam-lhes.e) apoiam os.GR0744 - (Unesp)Leia a fábula árabe “Um cachorro e um abutre”, cujaautoria é desconhecida. Certa feita, um cachorro roubou um naco de carne deum abatedouro e correu em direção ao rio, em cujaságuas viu o reflexo do naco de carne, bem maior do queo naco que carregava. Largou-o então, e um abutredesceu e agarrou a carne, enquanto o cachorro corriaatrás do naco maior, mas nada encontrou. Retornou parapegar a carne que antes carregava, mas também não aencontrou. Pensou então: “A ilusão me fez perder o bomsenso, e acabei sem aquilo que eu já �nha por ir atrásdaquilo que eu não alcançaria.”(Mamede Jarouche (org.). Fábulas árabes: do períodopré-islâmico ao século XVII, 2021.) No trecho “em cujas águas viu o reflexo do naco decarne”, o termo sublinhado pertence à mesma classegrama�cal daquele sublinhado ema) “mas também não a encontrou”.b) “um cachorro roubou um naco de carne”.c) “enquanto o cachorro corria atrás do naco maior”.d) “Largou-o então”.e) “Retornou para pegar a carne”.GR0753 - (Albert Einstein)Leia a crônica “A decadência do Ocidente”, de LuisFernando Verissimo. O doutor ganhou uma galinha viva e chegou em casacom ela, para alegria de toda a família. O filho maismoço, inclusive, nunca �nha visto uma galinha viva deperto. Já �nha até um nome para ela – Margarete – eplanos para adotá-la, quando ouviu do pai que a galinhaseria, obviamente, comida.— Comida?!— Sim, senhor.— Mas se come ela?— Ué. Você está cansado de comer galinha.— Mas a galinha que a gente come é igual a estaaqui?— Claro.Na verdade o guri gostava muito de peito, de coxa ede asa, mas nunca �nha ligado as partes ao animal. Aindamais aquele animal vivo ali no meio do apartamento.O doutor disse que queria a galinha ao molho pardo.Há anos que não comia uma galinha ao molho pardo. Aempregada sabia como se preparava galinha ao molhopardo?A mulher foi consultar a empregada. Dali a pouco odoutor ouviu um grito de horror vindo da cozinha. Depois23@professorferretto @prof_ferrettoveio a mulher dizer que ele esquecesse a galinha aomolho pardo.— A empregada não sabe fazer?— Não só não sabe fazer, como quase desmaiouquando eu disse que precisava cortar o pescoço dagalinha. Nunca cortou um pescoço de galinha.Era o cúmulo. Então a mulher que cortasse o pescoçoda galinha.— Eu?! Não mesmo!O doutor lembrou-se de uma velha empregada da suamãe. A Dona Noca. Não só cortava pescoços de galinhas,como fazia isto com uma certa alegria assassina. Asolução era a Dona Noca.— A Dona Noca já morreu — disse a mulher.— O quê?!— Há dez anos.— Não é possível! A úl�ma galinha ao molho pardoque eu comi foi feita por ela.— Então faz mais de dez anos que você não comegalinha ao molho pardo.Alguém no edi�cio se disporia a degolar a galinha.Fizeram uma rápida enquete entre os vizinhos. Ninguémse animava a cortar o pescoço da galinha. Nem oRogerinho do 701, que fazia coisas inomináveis comgatos.— Somos uma civilização de frouxos! — sentenciou odoutor.Foi para o poço do edi�cio e repe�u:— Frouxos! Perdemos o contato com o barro da vida!E a Margarete só olhando.Luis Fernando Verissimo. A mãe do Freud, 1997. O termo negritado em “— Mas a galinha que a gentecome é igual a esta aqui? (6º parágrafo) pertence àmesma classe grama�caldaquele sublinhado em:a) “Alguém no edi�cio se disporia a degolar a galinha.”(20º parágrafo).b) “O doutor ganhou uma galinha viva e chegou em casacom ela, para alegria de toda a família.” (1º parágrafo).c) “Ninguém se animava a cortar o pescoço da galinha.”(20º parágrafo).d) “Depois veio a mulher dizer que ele esquecesse dagalinha ao molho pardo.” (9º parágrafo).e) “O doutor disse que queria a galinha ao molho pardo.”(9º parágrafo).GR0777 - (Afa) Assinale a alterna�va que apresenta incorreçãoquanto ao emprego do pronome rela�vo:a) Situado no Norte de Minas Gerais, mas podendo estarem toda parte, o sertão é o reino onde formas de vidarús�cas e uma paisagem selvagem e bela se espelhame por vezes se transfiguram.b) No texto, a mistura de romance narra�vo oral tomaforma de um monólogo na fala de um velho sertanejo,Riobaldo, que narra sua vida de aventuras a uminterlocutor da cidade.c) O sertão é o vasto campo da guerra jagunça, mais aomesmo tempo também, o espaço da travessia solitáriade um herói de romance que se interroga sobre osen�do da existência.d) Ao abrir-se o livro o ex-jagunço surge como umcontador de casos, especulando sobre a existência dodemônio, que pode estar misturado em tudo e cuja asombra se intromete no interior de sua própriaconsciência.24@professorferretto @prof_ferrettoé normalmenteatribuído a processos mentais quando feito pelohomem, isso não implicaria que o homem nada mais é doque uma máquina. Sem o programa correspondente, umcomputador nada pode fazer em relação à linguagem. É oprograma, e não as ferragens, que é responsável pelahabilidade do computador de simular umcomportamento inteligente. Há aquelesque sustentariam que o programa está para ocomputador como a mente está para o cérebro, e queconsiderando o cérebro humano vivo como umcomputador programado, de finalidades especiais,podemos contornar, se não resolver, o problematradicional mente corpo. Seja como for, temos queenfa�zar que a inteligência ar�ficial é em sineutra e nãoagride nem a dignidade humana nem a liberdade davontade.Adaptado de John Lyons, em Lingua(gem) e Linguís�ca,1981. Considere as seguintes afirmações sobre os termosdestacados no texto.I. O pronome “isso” refere-se ao que é afirmadoanteriormente.II. A forma verbal “sustentariam” apresenta um tempoque denota ideia de possibilidade, de algo possível, masnão efe�vamente certo.III. A par�cula “si” refere-se à expressão inteligênciaar�ficial. Assinale a alterna�va correta.a) Apenas a afirmação I está correta. b) Apenas a afirmação II está correta. c) Apenas a afirmação III está correta. d) Todas as afirmações estão corretas. e) Nenhuma das afirmações está correta.GR0370 - (Uerj)SONETO II O tempo acaba o ano, o mês e a hora,A força, a arte, a manha, a fortaleza;O tempo acaba a fama e a riqueza,O tempo o mesmo tempo de si chora. O tempo busca e acaba o onde moraQualquer ingra�dão, qualquer dureza,Mas não pode acabar minha tristeza,Enquanto não quiserdes vós, Senhora. O tempo o claro dia torna escuro,E o mais ledo1 prazer em choro triste;O tempo a tempestade em grã2 bonança. Mas de abrandar o tempo estou seguroO peito de diamante, onde consisteA pena e o prazer desta esperança. 1 ledo − alegre2 grã − grande No soneto II, marcas enuncia�vas que representam osinterlocutores do poema estão presentesnos seguintes versos:a) O tempo acaba a fama e a riqueza, / O tempo omesmo tempo de si chora.b) Mas não pode acabar minha tristeza, / Enquanto nãoquiserdes vós, Senhora.c) O tempo o claro dia torna escuro, / E o mais ledoprazer em choro triste;d) O peito de diamante, onde consiste / A pena e oprazer desta esperança.GR0066 - (Ibmec)ÁRIES (21 mar. a 20 abr.)Lunação em signo complementar destaca importânciadas relações em sua vida nas próximas semanas. Cuidede sua rede social, mostre-se atencioso com as pessoas.3@professorferretto @prof_ferrettoSeu sucesso é resultado disso também e agora essaquestão tem importância suprema. Cul�ve o tato.(Folha de S. Paulo, Ilustrada, Astrologia, Barbara Abramo,29 set. 2008.) Em "Seu sucesso é resultado disso também e agora essaquestão tem importância suprema.", os termos "disso" e"essa":a) Referem-se a algo que ainda vai ser explicitado notexto.b) Referem-se aos termos citados anteriormente notexto, "sua rede social" e "atencioso com as pessoas".c) Referem-se a algo que está próximo ao emissor dotexto.d) Poderiam ser subs�tuídos por "aquilo" e "aquela",sem prejuízo de sen�do para o texto.e) Poderiam ser subs�tuídos por "isto" e "aquilo", semprejuízo de sen�do para o texto.GR0080 - (Efomm)Como Dizia Meu PaiJá se tomou hábito meu, em meio a umaconversa, preceder algum comentário por umaintrodução: — Como dizia meu pai...Nem sempre me reporto a algo que elerealmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial dedar ênfase a alguma opinião.De uns tempos para cá, porém, comecei aperceber que a opinião, sem ser de caso pensado, parecede fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingoscostumava dizer. Isso significará talvez — Deus queira —que insensivelmente vou me tomando com o correr dosanos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos,me iden�ficando com a herança espiritual que delerecebi.Não raro me surpreendo, antes de agir, tentandodescobrir como ele agiria em semelhantes circunstâncias,repe�ndo uma a�tude sua, até mesmo esboçando umgesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estouconcebendo, para nortear meu pensamento, umprincípio que, se não foi enunciado por ele, só pode tersido inspirado por sua presença dentro de mim. — No fim tudo dá certo...Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhoscom esta frase, sem reparar que repe�a literalmente oque ele costumava dizer, sempre concluindo com olhartravesso: — Se não deu certo, é porque ainda não chegouno fim.Gosto de evocar a figura mansa de SeuDomingos, a quem chamávamos paizinho, a subirpausadamente a escada da varanda de nossa casa, todosos dias, ao cair da tarde, egresso do escritório situado noporão. Ou depois do jantar, sentado com minha mãe nosofá de palhinha da varanda, como namorados, trocandono�cias do dia. Os filhos guardavam zelosa distância, atéque ela ia aos seus afazeres e ele se punha à disposiçãode cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar aresolvê-los. Finda a úl�ma audiência, passava a mão nochapéu e na bengala e saía para uma volta, um encontroeventual com algum amigo. Regressava religiosamenteuma hora depois, e tendo descido a pé até o centro,subia sempre de bonde. Se acaso ainda estávamosacordados, podíamos contar com o saquinho de balasque o paizinhonunca deixava de trazer.Costumava se distrair realizando pequenosconsertos domés�cos: uma boia de descarga, a bucha deuma torneira, um fusível queimado. Dispunha para issoda necessária habilidade e de uma preciosa caixa deferramentas em que ninguémmais podia tocar. Aprendi com ele como é indispensável,para a boa ordem da casa, ter à mão pelo menos umalicate e uma chave de fenda. Durante algum tempoandou às voltas com o velho relógio de parede que forade seu pai, hoje me pertence e amanhã será de meufilho: estava atrasando. Depois de remexer durante váriosdias em suas entranhas, deu por findo o trabalho,embora ao remontá-lo houvessem sobrado umaspecinhas, que alegou não fazerem falta. O relógio passoua funcionar sem atrasos, e as ba�das a soar em horasdesencontradas. Como, aliás, acontece até hoje.Tinha por hábito emi�r um pequeno sopro deassovio, que tanto podia ser indício de paz de espíritocomo do esforço para controlar a perturbação diante dealgum aborrecimento. — As coisas são como são e não como deviam ser.Ou como gostaríamos que fossem.Este pronunciamento se fazia ouvir em geralquando diante de uma fatalidade a que não se poderiafugir. Queria dizer que devemos nos conformar com ofato de nossa vontade não poder prevalecer sobre avontade de Deus – embora jamais fosse assim eloquenteem suas conclusões. Estas quase sempre eram, mesmo,eivadas de certo ce�cismo preven�vo ante as esperançasvãs: — O que não tem solução, solucionado está.E tudo que acontece é bom — talvez nãochegasse ao cúmulo do o�mismo de afirmar isso, comoseu filho Gerson, mas não vacilava em sustentar que todamudança é para melhor: se mudou, é porque não estavadando certo. E se quiser que mude, não podendo fazernada para isso, espere, que mudará por si.[...]Tudo isso que de uns tempos para cá me vemocorrendo, às vezes inconscientemente, como legado demeu pai, teve seu coroamento há poucos dias, quando euia caminhando distraído pela praia. Revirava na cabeça,4@professorferretto @prof_ferrettonão sei a que propósito, uma frase ouvida desde ainfância e que fazia parte de sua filosofia: não se deveaumentar a aflição dos aflitos. Esta máxima me conduziua outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade nofilme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingosperfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do queelas podem dar. De repente fui fulminado por umaverdade tão absoluta que �ve de parar, completamentezonzo, fechando os olhos para entender melhor. Noentanto era uma verdade evangélica, de clareza cin�lantecomo um raio de sol, chegueia fazer uma vênia degra�dão a Seu Domingos por me havê-la enviado: — Só há um meio de resolver qualquerproblema nosso: é resolver primeiro o do outro.Com o tempo, a cidade foi tomandoconhecimento do seu bom senso, da experiênciaadquirida ao longo de uma vida sem maiores ambições:Seu Domingos, além de representante de umas firmasinglesas, era procurador de partes — solene designaçãopara uma a�vidade que hoje talvez fosse referida como ade um despachante. A princípio os amigos, conhecidos, edepois até desconhecidos passaram a procurá-lo paraouvir um conselho ou receber dele uma orientação.Era de se ver a romaria no seu escritório todas asmanhãs: um funcionário que dera desfalque, uma mulherabandonada pelo marido, um pai agoniado comproblemas do filho — era gente assim que vinha buscarcom ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a suaaflição. O próprio Governador, que não o conheciapessoalmente, certa vez o consultou através de umsecretário, sobre questão administra�va que oatormentava. Não se falando nos filhos: mesmo depoisde ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ouavião e fui colher uma palavra sua que hoje tanta faltame faz.Resta apenas evocá-la, como faço agora, para meservir de consolo nas horas más. No momento, elepróprio está aqui a meu lado, com o seu sorriso bom.SABINO, Fernando. A volta por cima. In: ObraReunida v. III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996.(Texto adaptado) Com base no texto, responda à questão que se segue.Assinale a opção em que a palavra sublinhada pertence auma categoria diferente dos demais pronomes.a) “Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, aquem chamávamos paizinho [...].” (9°§)b) “[...] repe�ndo uma a�tude sua até mesmo esboçandoum gesto seu.” (5°§)c) “Já se tomou hábito meu, em meio a uma conversa[...].” (1°§)d) “Durante algum tempo andou às voltas com o velhorelógio de parede que fora de seu pai [...].” (10°§)e) “Ou depois do jantar, sentado com minha mãe no sofá[...].” (9°§)GR0335 - (Fuvest)Psicanálise do açúcar O açúcar cristal, ou açúcar de usina,mostra a mais instável das brancuras:quem do Recife sabe direito o quanto,e o pouco desse quanto, que ela dura.Sabe o mínimo do pouco que o cristalse estabiliza cristal sobre o açúcar,por cima do fundo an�go, de mascavo,do mascavo barrento que se incuba;e sabe que tudo pode romper o mínimoem que o cristal é capaz de censura:pois o tal fundo mascavo logo afloraquer inverno ou verão mele o açúcar. Só os banguês que-ainda purgam aindao açúcar bruto com barro, de mistura;a usina já não o purga: da infância,não de depois de adulto, ela o educa;em enfermarias, com vácuos e turbinas,em mãos de metal de gente indústria,a usina o leva a sublimar em cristalo pardo do xarope: não o purga, cura.Mas como a cana se cria ainda hoje,em mãos de barro de gente agricultura,o barrento da pré-infância logo afloraquer inverno ou verão mele o açúcar.João Cabral de Melo Neto, A Educação pela Pedra.* banguê: engenho de açúcar primi�vo movido a forçaanimal. Na oração “que ela dura” (v. 4), o pronome sublinhadoa) não tem referente.b) retoma a palavra “usina” (v. 1).c) pode ser subs�tuído por “ele”, referindo-se a “açúcar”(v. 1).d) refere-se à “mais instável das brancuras” (v. 2).e) equivale à palavra “censura” (v. 10).5@professorferretto @prof_ferrettoGR0081 - (Unimontes)Crianças, crueldade e Jus�ça Bullying é o comportamento agressivo, intencionale repe�do contra alguém por conta de algumacaracterís�ca ou situação peculiar. É um desequilíbrio depoder que afeta sobretudo crianças e adolescentes emescolas e em outros ambientes de convivência, mas quetambém inferniza a vida de adultos. Por alguma razão psicológica, pessoas sentemprazer em humilhar, provocar sofrimento. Reunidas,mul�plicam agressões verbais ou �sicas contra quem sedestaca pela diferença: obesidade, altura, pele, nariz,�midez, roupa. Filiação, raça, falta de habilidade para oesporte, aplicação nos estudos ou dificuldade deaprendizado também dão origem a maus-tratos,isolamento e depressão. A internet amplia seus efeitos.Fonte: CARVALHO FILHO, Luis Francisco. Crianças,crueldade e Jus�ça. Folha de S. Paulo. Co�diano, 1.º ago.2015, B2. Adaptado. “A internet amplia seus efeitos.” (úl�mo período)Em destaque nesse trecho, o pronome, de acordo com osencadeamentos das ideias no texto, reporta-se aa) razão psicológica. b) Jus�ça.c) internet.d) bullying.GR0314 - (Unesp)Leia o capítulo CXVII do romance Quincas Borba, deMachado de Assis.A história do casamento de Maria Benedita écurta; e, posto Sofia a ache vulgar, vale a pena dizê-la.Fique desde já admi�do que, se não fosse a epidemia dasAlagoas, talvez não chegasse a haver casamento; dondese conclui que as catástrofes são úteis, e até necessárias.Sobejam exemplos; mas basta um contozinho que ouviem criança, e que aqui lhes dou em duas linhas. Era umavez uma choupana que ardia na estrada; a dona, — umtriste molambo de mulher, — chorava o seu desastre, apoucos passos, sentada no chão. Senão quando, indo apassar um homem ébrio, viu o incêndio, viu a mulher,perguntou-lhe se a casa era dela.— É minha, sim, meu senhor; é tudo o que eupossuía neste mundo.— Dá-me então licença que acenda ali o meucharuto?O padre que me contou isto certamenteemendou o texto original; não é preciso estarembriagado para acender um charuto nas misériasalheias. Bom padre Chagas! — Chamava-se Chagas. —Padre mais que bom, que assim me incu�ste por muitosanos essa ideia consoladora, de que ninguém, em seujuízo, faz render o mal dos outros; não contando orespeito que aquele bêbado �nha ao princípio dapropriedade, — a ponto de não acender o charuto sempedir licença à dona das ruínas. Tudo ideias consoladoras.Bom padre Chagas!(Quincas Borba, 2012.) No trecho “Sobejam exemplos; mas basta um contozinhoque ouvi em criança, e que aqui lhes dou em duaslinhas.” (1º parágrafo), a inclusão do leitor na narra�vapode ser constatada pelo termoa) “basta”.b) “ouvi”.c) “aqui”.d) “lhes”.e) “dou”.GR0338 - (Fuvest)A taxação de livros tem um efeito cascata que acabacustando caro não apenas ao leitor, como também aomercado editorial – que há anos não anda bem daspernas – e, em úl�ma instância, ao desenvolvimentoeconômico do país. A gente explica. Taxar um produtosignifica, quase sempre, um aumento no valor doproduto final. Isso porque ao menos uma parte desseimposto será repassada ao consumidor, especialmente seconsiderarmos que as editoras e livrarias enfrentam háanos uma crise que agora está intensificada pelapandemia e não poderiam re�rar o valor desse impostode seu já apertado lucro. Livros mais caros tambémresultam em queda de vendas, que, por sua vez,enfraquece ainda mais editoras e as impede de inves�rem novas publicações – especialmente aquelas de menorapelo comercial, mas igualmente importantes para apluralidade de ideias. Já deu para perceber a confusão,não é? Mas, além disso, qual seria o custo de umasociedade com menos leitores e menos livros?Taís Ilhéu. “Por que taxar os livros pode gerar retrocessosocial e econômico no país”. Guia do Estudante.Setembro/2020. Adaptado No texto, os pronomes em negrito referem-se,respec�vamente, a:6@professorferretto @prof_ferrettoa) taxação de livros, mercado editorial, crise, queda devendas.b) taxação de livros, leitor, crise, queda de vendas.c) efeito cascata, mercado editorial, crise, queda devendas.d) efeito cascata, mercado editorial, livrarias, livros.e) efeito cascata, leitor, crise, livros.GR0082 - (Ifal)“HÁ EMBUTIDA NAS OBRAS de Aristóteles uma ideiamedular, que escapou à percepção de quase todos osseus leitores e comentaristas, da An�guidade até hoje.Mesmo aqueles que a perceberam — e foram apenasdois, que eu saiba, ao longo dos milênios — limitaram-sea anotá-la de passagem, sem lhe atribuir explicitamenteuma importância decisiva para a compreensãodafilosofia de Aristóteles. No entanto, ela é a chave mesmadessa compreensão, se por compreensão se entende oato de captar a unidade do pensamento de um homemdesde suas próprias intenções e valores, em vez de julgá-lo de fora; ato que implica respeitar cuidadosamente oinexpresso e o subentendido, em vez de sufocá-lo naidolatria do “texto” coisificado, túmulo do pensamento. Aessa ideia denomino Teoria dos Quatro Discursos. Podeser resumida em uma frase: o discurso humano é umapotência única, que se atualiza de quatro maneirasdiversas: a poé�ca, a retórica, a dialé�ca e a analí�ca(lógica).”CARVALHO, O. de. Aristóteles em nova perspec�va:Introdução à teoria dos quatro discursos. Campinas (SP):Vide editorial, 2013, pp.21-2. Na frase a seguir, �rada do texto acima, “… o discursohumano é uma potência única, que se atualiza de quatromaneiras diversas: a poé�ca, a retórica, a dialé�ca e aanalí�ca (lógica)”, a palavra destacada é um pronomerela�vo, definido como sendo “a palavra que, vindonuma oração, se refere a termo de outra [oração]”(ALMEIDA, N. M. de. Gramá�ca metódica da LínguaPortuguesa. 43.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999, § 371, p.202). Assinale a opção em que se apresenta o termosubs�tuído pelo pronome que.a) humano.b) potência única.c) poé�ca. d) retórica.e) dialé�ca.GR0255 - (Unesp)Leia o conto “A moça rica”, de Rubem Braga (1913-1990)A madrugada era escura nas moitas de mangue,e eu avançava no batelão 1 velho; remava cansado, comum resto de sono. De longe veio um rincho 2 de cavalo;depois, numa choça de pescador, junto do morro,tremulou a luz de uma lamparina.Aquele rincho de cavalo me fez lembrar a moçaque eu encontrara galopando na praia. Ela era corada,forte. Viera do Rio, sabíamos que era muito rica, filha deum irmão de um homem de nossa terra. A princípio aolhei com espanto, quase desgosto: ela usava calçascompridas, fazia caçadas, dava �ros, saía de barco com ospescadores. Mas na segunda noite, quando nos juntamostodos na casa de Joaquim Pescador, ela cantou; �nhabebido cachaça, como todos nós, e cantou primeiro umacoisa em inglês, depois o Luar do sertão e uma cançãoan�ga que dizia assim: “Esse alguém que logo encantadeve ser alguma santa”. Era uma canção triste.Cantando, ela parou de me assustar; cantando,ela deixou que eu a adorasse com essa adoração súbita,mas �mida, esse fervor confuso da adolescência –adoração sem esperança, ela devia ter dois anos mais doque eu. E amaria o rapaz de suéter e sapato de basquete,que costuma ir ao Rio, ou (murmurava-se) o homemcasado, que já �nha ido até à Europa e �nha umautomóvel e uma coleção de espingardas magníficas.Não a mim, com minha pobre flaubert 3, não a mim, decalça e camisa, descalço, não a mim, que não sabia lidarnem com um motor de popa, apenas tocar um batelãocom meu remo.Duas semanas depois que ela chegou é que aencontrei na praia solitária; eu vinha a pé, ela veiogalopando a cavalo; vi-a de longe, meu coração bateuadivinhando quem poderia estar galopando sozinha acavalo, ao longo da praia, na manhã fria. Pensei que elafosse passar me dando apenas um adeus, esse “bom-dia”que no interior a gente dá a quem encontra; mas parou,o animal resfolegando e ela respirando forte, com osseios agitados dentro da blusa fina, branca. São as duasimagens que se gravaram na minha memória, desseencontro: a pele escura e suada do cavalo e a sedabranca da blusa; aquela dupla respiração animal no arfino da manhã.E saltou, me chamando pelo nome, conversoucomigo. Séria, como se eu fosse um rapaz mais velho doque ela, um homem como os de sua roda, com calças de“palm-beach”, relógio de pulso. Perguntou coisas sobrepeixes; fiquei com vergonha de não saber quase nada,não sabia os nomes dos peixes que ela dizia, deviam serpeixes de outros lugares mais importantes, com certezamais bonitos. Perguntou se a gente comia aqueles cocosdos coqueirinhos junto da praia – e falou de minha irmã,que conhecera, quis saber se era verdade que eu nadaradesde a ponta do Boi até perto da lagoa.De repente me fulminou: “Por que você nãogosta de mim? Você me trata sempre de um modo7@professorferretto @prof_ferrettoesquisito...” Respondi, estúpido, com a voz rouca: “Eunão”.Ela então riu, disse que eu confessara que nãogostava mesmo dela, e eu disse: “Não é isso.” Montou ocavalo, perguntou se eu não queria ir na garupa. Inventeique precisava passar na casa dos Lisboa. Não insis�u, medeu um adeus muito alegre; no dia seguinte foi-seembora.Agora eu estava ali remando no batelão, para irno Severone apanhar uns camarões vivos para isca; e orelincho distante de um cavalo me fez lembrar a moçabonita e rica. Eu disse comigo – rema, bobalhão! – e fuiremando com força, sem ligar para os respingos de águafria, cada vez com mais força, como se isto adiantassealguma coisa.(Os melhores contos, 1997.)1 batelão: embarcação movida a remo.2 rincho: relincho.3 flaubert: um �po de espingarda “Duas semanas depois que ela chegou é que a encontreina praia solitária; eu viajava a pé, ela veio galopando acavalo” (4º parágrafo)Os termos sublinhados cons�tuem, respec�vamente,a) ar�go, preposição, ar�go.b) ar�go, preposição, preposição.c) pronome, ar�go, ar�go.d) pronome, preposição, preposição.e) pronome, ar�go, preposição.GR0374 - (Unicamp) No contexto deste grafite, as frases “menos presospolí�cos” e “mais polí�cos presos” expressama) uma relação de contradição, uma vez que indicamsen�dos opostos.b) uma relação de consequência, já que a diminuição deum grupo conduz ao aumento de outro.c) uma relação de contraste, pois reivindicam o aumentode um �po de presos e a redução de outro.d) uma relação de complementaridade, porque remetema subconjuntos de uma mesma categoria.GR0348 - (Puccamp)Os anos seguintes à proclamação daIndependência, em 7 de setembro de 1822, forammarcados por agitações polí�cas e intensas negociaçõessobre a criação da nação brasileira e a definição de umperfil de Estado nacional. Era preciso inves�r naformação de uma elite intelectual capaz de gerir a pátriarecém-emancipada, ins�tuindo-lhe uma iden�dadeprópria, em oposição à portuguesa. Mais do que novasleis, o país precisava de uma consciência jurídica, quedeveria emanar de cursos estabelecidos em territórionacional. Foram esses, entre outros, os argumentos quederam o tom das discussões polí�cas que culminaramnas duas primeiras faculdades de direito do Brasil, emagosto de 1827, em São Paulo e Recife. “A criação deescolas de direito nas regiões Sul e Norte, como se dizia àépoca, pretendia integrar as diferentes regiões do país,fortalecendo a unidade territorial”, explica a advogada ehistoriadora Ana Paula Araújo de Holanda, daUniversidade de Fortaleza, Ceará.A proposta de criação de um curso de direito foiapresentada em 1823. Tratava-se de um pedido debrasileiros matriculados na Universidade de Coimbra, emPortugal, onde a maioria dos que pretendiam seguir nasprofissões jurídicas estudava. O projeto, apresentadopelo advogado Fernandes Pinheiro, foi encaminhado paradebate na Assembleia, e logo iniciaram-se as divergênciassobre a localização dos cursos. Os debates transcorreramde forma apaixonada. “Os parlamentares advogavam emfavor de suas províncias de origem, já que desses cursossairia a elite polí�ca do país”, comenta a advogada ehistoriadora Bistra Stefanova Apostolova, da Faculdadede Direito da Universidade de Brasília. O projetoaprovado na Assembleia Geral, no entanto, não rompeutotalmente com a tradição jurídica portuguesa. Houvedesencontros entre as intenções dos parlamentares e aprá�ca, segundo Bistra. Adotaram-se provisoriamente osEstatutos da Universidade de Coimbra.Ambas as faculdades tornaram-se importantespolos inspiradores das artes literárias e poé�casnacionais, contribuindo para a construção da iden�dadenacional. As ins�tuições também foram importantes para8@professorferretto @prof_ferrettoos principais movimentos cívicos,literários e polí�cosque se seguiram ao longo das décadas no país, como osque levaram à proclamação da República, em 1889, e àAbolição, um ano antes.(Adaptado de ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. “Paraformar homens de lei”. Revista Pesquisa Fapesp,out/2017) “[...] ins�tuindo-lhe uma iden�dade própria” (1ºparágrafo) O termo sublinhado acima refere-se aa) elite.b) nação.c) pátria.d) iden�dade.e) formação.GR0072 - (Pucmg)A importância do ato de lerRara tem sido a vez, ao longo de tantos anos deprá�ca pedagógica, por isso polí�ca, em que me tenhopermi�do a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrarencontros ou congressos. Aceitei fazê-la agora, damaneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aquipara falar um pouco da importância do ato de ler.Me parece indispensável, ao procurar falar de talimportância, dizer algo do momento mesmo em que mepreparava para aqui estar hoje; dizer algo do processoem que me inseri enquanto ia escrevendo este texto queagora leio, processo que envolvia uma compreensãocrí�ca do ato de ler, que não se esgota na decodificaçãopura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas quese antecipa e se alonga na inteligência do mundo. Aleitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que aposterior leitura desta não possa prescindir dacon�nuidade da leitura daquele. Linguagem e realidadese prendem dinamicamente. A compreensão do texto aser alcançada por sua leitura crí�ca implica a percepçãodas relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiarescrever sobre a importância do ato de ler, eu me sen�levado - e até gostosamente - a "reler" momentosfundamentais de minha prá�ca, guardados na memória,desde as experiências mais remotas de minha infância,de minha adolescência, de minha mocidade, em que acompreensão crí�ca da importância do ato de ler se veioem mim cons�tuindo.Ao ir escrevendo este texto, ia "tomandodistância” dos diferentes momentos em que o ato de lerse veio dando na minha experiência existencial. Primeiro,a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que memovia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, aolongo de minha escolarização, foi a leitura da“palavramundo”.A retomada da infância distante, buscando acompreensão do meu ato de “ler” o mundo par�cular emque me movia – e até onde não sou traído pela memória-, me é absolutamente significa�va. Neste esforço a queme vou entregando, recrio, e revivo, no texto queescrevo, a experiência vivida no momento em que aindanão lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em quenasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas comose fossem gente, tal a in�midade entre nós - à suasombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minhaaltura eu me experimentava em riscos menores que mepreparavam para riscos e aventuras maiores.A velha casa, seus quartos, seu corredor, seusótão, seu terraço - o sí�o das avencas de minha mãe -, oquintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meuprimeiro mundo. [...] Os "textos", as "palavras”, as"letras” daquele contexto - em cuja percepçãoexperimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava acapacidade de perceber - se encarnavam numa série decoisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu iaapreendendo no meu trato com eles nas minhas relaçõescom meus irmãos mais velhos e com meus pais.Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquelecontexto se encarnavam no canto dos pássaros - o dosanhaçu, o do olhapro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopradaspor fortes ventanias que anunciavam tempestades,trovões, relâmpagos; as águas da chuva brincando degeografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos. Os“textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto seencarnavam também no assobio do vento, nas nuvens docéu, nas suas cores, nos seus movimentos; na cor dasfolhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores - dasrosas, dos jasmins -, no corpo das árvores, na casca dosfrutos. Na tonalidade diferente de cores de um mesmofruto em momentos dis�ntos. [...]Daquele contexto faziam parte igualmente osanimais: os gatos da família, a sua maneira manhosa deenroscar-se nas pernas da gente, o seu miado, de súplicaou de raiva; Joli, o velho cachorro negro de meu pai, oseu mau humor toda vez que um dos gatos incautamentese aproximava demasiado do lugar em que se achavacomendo [...].Daquele contexto - o do meu mundo imediato -fazia parte, por outro lado, o universo da linguagem dosmais velhos, expressando as suas crenças, os seus gostos,os seus receios, os seus valores. Tudo isso ligado acontextos mais amplos que o do meu mundo imediato ede cuja existência eu não podia sequer suspeitar. Noesforço de re-tomar a infância distante, a que já mereferi, buscando a compreensão do meu ato de ler omundo par�cular em que me movia, permitam-merepe�r, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, aexperiência vivida no momento em que ainda não lia a9@professorferretto @prof_ferrettopalavra. E algo que me parece importante, no contextogeral de que venho falando, emerge agora insinuando asua presença no corpo destas reflexões. [...]Mas, é importante dizer, a “leitura” do meumundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mimum menino antecipado em homem, um racionalista decalças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui maisajudado do que desajudado por meus pais. E foi comeles, precisamente, em certo momento dessa ricaexperiência de compreensão do meu mundo imediato,sem que tal compreensão �vesse significadomalquerenças ao que ele �nha de encantadoramentemisterioso, que eu comecei a ser introduzido na leiturada palavra.A decifração da palavra fluía naturalmente da“leitura” do mundo par�cular. Não era algo que sees�vesse dando superpostamente a ele. Fui alfabe�zadono chão do quintal de minha casa, à sombra dasmangueiras, com palavras do meu mundo e não domundo maior dos meus pais. O chão foi o meu quadro-negro; gravetos, o meu giz. Por isso é que, ao chegar àescolinha par�cular de Eunice Vasconcelos [...] já estavaalfabe�zado. Eunice con�nuou e aprofundou o trabalhode meus pais. Com ela, a leitura da palavra, da frase, dasentença, jamais significou uma ruptura com a "leitura"do mundo. Com ela, a leitura da palavra foi a leitura da“palavramundo”.Paulo Freire A velha casa, seus quartos, seu corredor, seusótão, seu terraço - o sí�o das avencas de minha mãe -, oquintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meuprimeiro mundo. (...) Os "textos", as "palavras”, as"letras” daquele contexto - em cuja percepçãoexperimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava acapacidade de perceber - se encarnavam numa série decoisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu iaapreendendo no meu trato com eles nas minhas relaçõescom meus irmãos mais velhos e com meus pais. Sobre elementos de coesão presentes no excerto, avalieas afirma�vas:I. “... o quintal amplo em que se achava....” → “em que”,rela�vo, pode ser subs�tuído por “no qual” ou “onde”,sem alteração do sen�do.II. “.... daquele contexto – em cuja percepção...” → “emcuja” poderia ser subs�tuído por “em que”, semalteração funcional ou de sen�do.III. “... tudo isso foi o meu primeiro mundo” → ospronomes “tudo isso” retomam, de forma resumi�va,uma série de elementos enumerados.IV. “experimentava e, quanto mais o fazia, maisaumentava...” → o conec�vo usado empresta um sen�dode consequência aos fatos indicados. Estão corretas as afirma�vas presentes apenas em:a) I e III. b) I, II e III. c) II e IV. d) III e IV.GR0078 - (Espm)Os fenômenos da linguagem examinavam-seoutrora apenas à luz da gramá�ca e da lógica, e já eramuito se a análise reconhecia como palavras exple�vasou de realce os termos sobejantes 1unidos à oração ounela encravados.Hoje que a ciência da linguagem inves�ga osfatos sem deixar-se pear 2por an�gos preconceitos, jánão podemos levar essas expressões à conta dassuperfluidades nemainda atribuir-lhes papel decora�vo,o que seria contrassenso, uma vez que rareiam nodiscurso eloquente e retórico e se usam a cada instantejustamente no falar desataviado detodos os dias.Uma coisa é dirigirmo-nos à cole�vidade, apessoas desconhecidas, de condições diversas, e que nosouvem caladas; outra coisa é tratar com alguém de perto,falar e ouvir, e ajeitar a cada momento a linguagem ematenção a essa pessoa que está diante de nós, para quefique sempre bem impressionada com as nossas palavras.(Said Ali, Meios de Expressão e Alterações Semân�cas,RJ) 1 sobejantes: demasiados, excessivos, de sobras.2 pear: prender. No segundo parágrafo, no segmento: ...nem aindaatribuir-lhes papel decora�vo..., o pronome pessoaloblíquo “lhes” tem como referência no texto:a) essas expressõesb) palavras exple�vasc) os fatosd) an�gos preconceitose) superfluidadesGR0272 - (Unesp)Leia o trecho do conto-prefácio “Hipotrélico”, que integrao livro Tutameia, de João Guimarães Rosa.Há o hipotrélico. O termo é novo, deimpesquisada origem e ainda sem definição que lheapanhe em todas as pétalas o significado. Sabe-se, só,que vem do bom português. Para a prá�ca, tome-sehipotrélico querendo dizer: an�podá�co, sengraçanteimprizido; ou, talvez, vice-dito: indivíduo pedante,10@professorferretto @prof_ferrettoimportuno agudo, falto de respeito para com a opiniãoalheia. Sob mais que, tratando-se de palavra inventada, e,como adiante se verá, embirrando o hipotrélico em nãotolerar neologismos, começa ele por se negarnominalmente a própria existência.Somos todos, neste ponto, um tento ou centohipotrélicos? Salvo o excepto, um neologismo contunde,confunde, quase ofende. Perspica-nos a inércia quesoneja em cada canto do espírito, e que se refestela comos bons hábitos estadados. Se é que um não se assuste:saia todo-o-mundo a empinar vocábulos seus, e aonde éque se vai dar com a língua �da e herdada? Assenta-nosbem à modés�a achar que o novo não valerá o velho;ajusta-se à melhor prudência relegar o progresso nopassado. [...]Já outro, contudo, respeitável, é o caso — enfim— de “hipotrélico”, mo�vo e base desta fábula diversa, eque vem do bom português. O bom português, homem-de-bem e mui�ssimo inteligente, mas que, quando ouquando, neologizava, segundo suas necessidades ín�mas.Ora, pois, numa roda, dizia ele, de algum sicrano,terceiro, ausente:— E ele é muito hiputrélico...Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,emi�u o veto:— Olhe, meu amigo, essa palavra não existe.Parou o bom português, a olhá-lo, seu tantoperplexo:— Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?— É. Mas não existeAí, o bom português, ainda meio enfigadado,mas no tom já feliz de descoberta, e apontando para ooutro, peremptório:— O senhor também é hiputrélico...E ficou havendo.(Tutameia, 1979) Retoma um termo mencionado anteriormente no texto apalavra sublinhada em:a) “Ao que, o indesejável maçante, não se contendo,emi�u o veto:” (6º parágrafo)b) “— O senhor também é hiputrélico...” (12º parágrafo)c) “Para a prá�ca, tome-se hipotrélico querendo dizer:”(1º parágrafo)d) “— Como?!... Ora... Pois se eu a estou a dizer?” (9ºparágrafo)e) “Parou o bom português, a olhá-lo, seu tantoperplexo:” (8º parágrafo)GR0512 - (Enem PPL)Seu nome define seu des�no. Será?“O nome próprio da pessoa marca a sua iden�dade e asua experiência social e, por isso, é um dado essencial nasua vida”, diz Francisco Mar�ns, professor do Ins�tuto dePsicologia da Universidade de Brasília e autor do livroNome próprio (Editora UnB). “Mas não dá para dizer queele conduz a um des�no específico. É você quem constróia sua iden�dade. Existe um processo de elaboração, emque você toma posse do nome que lhe foi dado. Então,ele pesa, mas não é decisivo”. De acordo com Mar�ns,essa apropriação do nome se dá em várias fases: nainfância, quando se desenvolve a iden�dade sexual; naadolescência, quando a pessoa começa a assinar o nome;no casamento, quando ela adiciona (ou não) osobrenome do marido ao seu. “O importante é a pessoatomar posse do nome, e não ficar brigando com ele”.CHAMARY, J. V.; GIL, M. A. Knowledge, jul. 2010. Pronomes funcionam nos textos como elementos decoesão referencial, auxiliando a manutenção do temaabordado. No trecho da reportagem, o vocábulo “nome”é retomado pelo pronome destacado ema) “Seu nome define seu des�no”.b) “É você quem constrói a sua iden�dade”.c) “Existe um processo de elaboração, em que você tomaposse do nome [...]”.d) “[...] você toma posse do nome que lhe foi dado”.e) “[...] não ficar brigando com ele”.GR0304 - (Unesp)Leia a crônica “Elegia do Guandu”, de Carlos Drummondde Andrade, publicada originalmente em 2 de novembrode 1974.E se reverenciássemos neste 2 de novembro osmortos do Guandu, que descem a correnteza, a caminhodo mar - o mar que eles não alcançam, pois encalham naareia das margens, e os urubus os devoram?Perdoai se apresento matéria tão feia, em dia deflores consagradas aos mortos queridos. Estes não sãoamados de ninguém, ou o são de mínima gente. Seuscorpos, não há quem os reclame, de medo ou seja lá peloque for.Se algum deles tem sorte de derivar pela res�ngada Marambaia e ali é recolhido por pescadores - ah, peixemenos desejado - ganha sepultura anônima, que apiedade dos humildes providencia. Mas não é prudentepescar mortos do Guandu: há sempre a perspec�va deinterrogatórios que fazem perder o dia de trabalho, àsvezes mais do que isso: a liberdade, que se confisca aossuspeitos e aos que explicam mal suas pescariasmacabras.São marginais caçados pela polícia ou por outrosmarginais, são suicidas, são acidentados? Di�cil classificá-los, se não trazem a marca registrada dos trucidadores ouestes sinais: mãos amarradas, amarrado de vários corpos,pesos amarrados aos pés. Estes úl�mos são mortos fáceis11@professorferretto @prof_ferrettode catalogar, embora só se lhes vejam as cabeças emrodopio à flor d’água, mas os que vêm boiando e fluindo,fluindo e boiando, em sonho aquá�co deslizante, estesdesesperaram da vida, ou a vida lhes faltou de surpresa?Os mortos vão passando, procissão falhada. Eisdesce o rio um lote de seis, uns aos outros ligados pelacorda fraternizante. É espetáculo para se ver da janela demoradores de Itaguaí, assistentes ribeirinhos de novelade espaçados capítulos. Ver e não contar. Ver e guardarpara conversas ín�mas:- Ontem, na �ntura da madrugada, passaram trêsgarrafinhas. Eu vi, chamei a Teresa pra espiar também...Garrafinhas chamam-se eles, os trucidados comchumbo aos pés, e não mais como ficou escrito em livrosde cartório. O garrafinha nº1 não é diferente dogarrafinha nº2 ou 3. Foram todos nivelados pelo Guandu.Como frascos vazios, de pequeno porte e nenhumaimportância, lá vão rio abaixo, Nova Iguaçu abaixo, rumodo esquecimento das garrafas e dos crimes quecometeram ou não cometeram, ou dos crimes que nelesforam come�dos.[⋯]O Guandu não responde a inquéritos nem arepórteres. Não dis�ngue, carrega. Não comenta, nãojulga, não reclama se lhe corrompem as águas;transporta. Em sua impessoalidade serve a desígniosvários, favorece a vida que quer se desembaraçar damorte, facilita a morte que quer se libertar da vida. Pelajus�ça sumária, pelo absurdo, pelo desespero.Mas não é ao Guandu que cabe dedicar umaelegia, é aos mortos do Guandu, nos quais ninguémpensa no dia de pensar os e nos mortos. Os criminosos,os não criminosos, os que se destruíram, os queresvalaram. Mortos sem sepultura e sem lembrança.Trágicos e apagados deslizantes na correnteza.Passageiros do Guandu, apenas e afinal.(Carlos Drummond de Andrade. Os dias lindos, 2013.) O termo sublinhado em “Estes úl�mos são mortos fáceisde catalogar, embora só se lhes vejam as cabeças emrodopio à flor d’água” (4º parágrafo) pertence à mesmaclasse grama�cal do termo sublinhado em:a) “Mas não é prudente pescar mortos do Guandu” (3ºparágrafo)b) “Eis desce o rio um lote de seis, unsaos outros ligadospela corda fraternizante” (5º parágrafo)c) “Di�cil classificá-los, se não trazem a marca registradados trucidadores” (4º parágrafo)d) “É espetáculo para se ver da janela de moradores deItaguaí” (5º parágrafo)e) “Estes não são amados de ninguém, ou o são demínima gente” (2º parágrafo)GR0295 - (Unesp)Trecho do drama Macário, de Álvares de Azevedo.MACÁRIO (chega à janela): Ó mulher da casa! olá! ó decasa!UMA VOZ (de fora): Senhor!MACÁRIO: Desate a mala de meu burro e tragam-maaqui...A VOZ: O burro?MACÁRIO: A mala, burro!A VOZ: A mala com o burro?MACÁRIO: Amarra a mala nas tuas costas e amarra oburro na cerca.A VOZ: O senhor é o moço que chegou primeiro?MACÁRIO: Sim. Mas vai ver o burro.A VOZ: Um moço que parece estudante?MACÁRIO: Sim. Mas anda com a mala.A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer que vá apé?MACÁRIO: Esse diabo é doido! Vai a pé, ou monta numavassoura como tua mãe!A VOZ: Descanse, moço. O burro há de aparecer. Quandomadrugar iremos procurar.OUTRA VOZ: Havia de ir pelo caminho do Nhô Quito. Euconheço o burro...MACÁRIO: E minha mala?A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!...MACÁRIO (fecha a janela): Malditos! (a�ra com umacadeira no chão)O DESCONHECIDO: Que tendes, companheiro?MACÁRIO: Não vedes? O burro fugiu...O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras que ochamareis...MACÁRIO: Porém a raiva...[...]O DESCONHECIDO: A mala não pareceu-me muito cheia.Sen� alguma coisa sacolejar dentro. Alguma garrafa devinho?MACÁRIO: Não! não! mil vezes não! Não concebeis, umaperda imensa, irreparável... era o meu cachimbo...O DESCONHECIDO: Fumais?MACÁRIO: Perguntai de que serve o �nteiro sem �nta, aviola sem cordas, o copo sem vinho, a noite sem mulher– não me pergunteis se fumo![...]MACÁRIO: E vós?O DESCONHECIDO: Não vos importeis comigo. (�ra outrocachimbo e fuma)MACÁRIO: Sois um perfeito companheiro de viagem.Vosso nome?O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?MACÁRIO: O caso é que é preciso que eu pergunteprimeiro. Pois eu sou um estudante. Vadio ou estudioso,talentoso ou estúpido, pouco importa. Duas palavras só:12@professorferretto @prof_ferrettoamo o fumo e odeio o Direito Romano. Amo as mulherese odeio o roman�smo.O DESCONHECIDO: Tocai! Sois um digno rapaz. (apertama mão)MACÁRIO: Gosto mais de uma garrafa de vinho que deum poema, mais de um beijo que do soneto maisharmonioso. Quanto ao canto dos passarinhos, ao luarsonolento, às noites límpidas, acho isso sumamenteinsípido. Os passarinhos sabem só uma can�ga. O luar ésempre o mesmo. Esse mundo é monótono a fazermorrer de sono.O DESCONHECIDO: E a poesia?MACÁRIO: Enquanto era a moeda de ouro que corria sópela mão do rico, ia muito bem. Hoje trocou-se emmoeda de cobre; não há mendigo, nem caixeiro detaverna que não tenha esse vintém azinhavrado 1.Entendeis-me?O DESCONHECIDO: Entendo. A poesia, de populartornou- se vulgar e comum. An�gamente faziam-na parao povo; hoje o povo fá-la... para ninguém...(Álvares de Azevedo. Macário/Noite na taverna, 2002.) 1 azinhavrado: coberto de azinhavre (camada de corverde que se forma na super�cie dos objetos de cobre oulatão, resultante da corrosão destes quando expostos aoar úmido). Retoma um termo mencionado anteriormente no texto apalavra sublinhada em:a) “O DESCONHECIDO: Perguntei-vos o vosso?”b) “O DESCONHECIDO: Não será quebrando cadeiras queo chamareis…”c) “A VOZ: Não vê? Está chovendo a potes!…”d) “A VOZ: Mas como hei de ir buscar a mala? Quer quevá a pé?”e) “MACÁRIO: Esse mundo é monótono a fazer morrerde sono.”GR0070 - (Pucgo)O emprego adequado do pronome rela�vo conferequalidade ao texto e o aproxima mais da norma padrãoda língua. Avalie o emprego do pronome rela�vo nasorações a seguir: I - Ele saiu do banco no qual mantém uma conta.II - Esteve par�cipando de um jantar na empresa da qualestá engajado.III - Assumiu o cargo do qual lutava desde que se formara.IV - Atravessou a rua, parou diante da vitrine, e admirou ajoia com a qual sonhava. Marque a única alterna�va que apresenta todos ositens corretosquanto ao emprego do pronome rela�vo:a) I e II apenas.b) I e IV apenas.c) II e III apenas.d) III e IV apenas.GR0286 - (Unesp)Leia o poema “Ausência”, de Carlos Drummond deAndrade. Por muito tempo achei que a ausência é falta.E las�mava, ignorante, a falta.Hoje não a las�mo.Não há falta na ausência.A ausência é um estar em mim.E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meusbraços,que rio e danço e invento exclamações alegres,porque a ausência, essa ausência assimilada,ninguém a rouba mais de mim.(Corpo, 2015.) Os três pronomes “a” do poema referem-se,respec�vamente, aa) ausência, falta, ausência.b) ausência, ausência, falta.c) falta, falta, ausência.d) falta, ausência, ausência.e) falta, ausência, falta.GR0085 - (Enem)Atalho[1] Atalhos são ícones que podem ser colocados na telainicial do micro para facilitar o acesso a programas oua arquivos. Assim, em vez de procurar esses[4] elementos em diretórios e pastas, basta clicar duasvezes em seus respec�vos ícones para abri-los. Umatalho não precisa ter o mesmo nome do arquivo[7] correspondente — pode-se dar a ele qualquerapelidoe associá-lo ao arquivo em questão. A palavra inglesapara atalho é shortcut, que significa cortar caminho.Disponível em:h�p://www.lostdesign.net/glossario/informa�ca.ht m(adaptado). Os pronomes podem ter a função de retomar umaexpressão ou o referente de uma expressãoanteriormente citada no texto, ou que estejaproeminente no contexto. No texto, isso é feitoadequadamente pelo(a)13@professorferretto @prof_ferrettoa) pronome “que” con�do em “que podem ser colocadosna tela inicial (...)” (ℓ. 1) — retoma “ícones” (ℓ. 1).b) expressão “esses elementos” con�da em “em vez deprocurar esses elementos em diretórios e pastas” (ℓ .3- 4) — retoma “ícones” (ℓ. 1).c) pronome “los” con�do em “(...) para abri-los.” (ℓ. 5) —retoma “atalhos” (ℓ. 1).d) pronome “ele” con�do em “pode-se dar a elequalquer apelido (...)” ( ℓ . 7) — retoma “arquivocorrespondente” (ℓ. 6-7).e) pronome “lo” con�do em “(...) e associá-lo ao arquivoem questão.” ( ℓ . 8) — retoma “o mesmo nome doarquivo correspondente” (ℓ. 6-7).GR0068 - (Enem)O humor da �ra decorre da reação de uma das cobrascom relação ao uso de pronome pessoal reto, em vez depronome oblíquo. De acordo com a norma-padrão dalíngua, esse uso é inadequado, poisa) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.b) contraria a marcação das funções sintá�cas de sujeitoe objeto.c) gera inadequação na concordância com o verbo.d) gera ambiguidade na leitura do texto.e) apresenta dupla marcação de sujeito.GR0083 - (Uece)[...] Uma noite de inverno, gelada e nevoenta,cercava a criaturinha. Silêncio completo, nenhum sinal devida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro,nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons nãointeressavam Baleia, mas quando o galo ba�a as asas eFabiano se virava, [123]emanações familiares revelavam-lhe a presença [124]deles. Agora parecia que a fazenda se�nha despovoado.Baleia respirava depressa, a boca aberta, osqueixos desgovernados, a língua pendentee insensível. Não sabia o que �nha sucedido. [129]Oestrondo, a pancada que recebera no quarto e a viagemdi�cil no barreiro ao fim do pá�o desvaneciam-se no seuespírito.Provavelmente estava na cozinha, entre aspedras que serviam de trempe. Antes de se deitar, sinháVitória re�rava dali os carvões e a cinza, varria com ummolho de vassourinha o chão queimado, e aquilo ficavaum bom lugar para cachorro descansar. O calorafugentava as pulgas, a terra se amaciava. E, findos oscochilos, numerosos preás corriam e saltavam, umformigueiro de preás invadia a cozinha.A tremura subia, deixava a barriga e chegava aopeito de Baleia. Do outro peito para trás era tudoinsensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo searrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carnemeio comidapela doença.Baleia encostava a cabecinha fa�gada na pedra.A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória �nhadeixado o fogo apagar-se muito cedo.Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundocheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, umFabiano enorme. [156]As crianças se espojariam com ela,rolariam com ela num pá�o enorme, num chiqueiroenorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos,enormes.RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro:Record. 2001. p. 85-91. Os pronomes servem para criar uma cadeia de referênciaa elementos que são retomados ao longo do texto.Aplicando esta ideia ao excerto do romance de VidasSecas, é correto afirmar quea) em “As crianças se espojariam com ela” (ref. 156), opronome ela se refere à sinhá Vitória, mãe dascrianças.b) no trecho “[...] emanações familiares revelavam-lhe apresença deles (ref. 123), o uso do pronome lhe fazreferência à Baleia.c) no enunciado “O estrondo, a pancada que recebera noquarto e a viagem di�cil no barreiro ao fim do pá�odesvaneciam-se no seu espírito” (ref. 129), opronome seu está se referindo a Fabiano.d) a forma pronominal deles (ref. 124) retoma aexpressão estes sons.GR0077 - (Fgv)Leia o texto para responder à questão.Modos de xingar— Biltre! — O quê?— Biltre! Sacripanta!— Traduz isso para português.14@professorferretto @prof_ferretto— Traduzo coisa nenhuma. Além do mais,charro! Onagro!Parei para escutar. As palavras estranhasjorravam do interior de um Ford de bigode. Quem asproferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomiarespeitável, alterada pela indignação. Quem as recebiaera um garotão de camisa esporte; dentes clarinhosemergindo da floresta capilar, no interior de um fusca.Desses casos de toda hora: o fusca bateu no Ford.Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório dexingamentos de seu tempo e de sua condição: professor,quem sabe? leitor de Camilo Castelo Branco.Os velhos xingamentos. Pessoas havia que serecusavam a usar o trivial das ruas e botequins, e iampedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressõesque cas�gassem fortemente o adversário. Esse materialseleto vinha esmaltar ar�gos de polêmica (polemizava-semuito nos jornais do começo do século), discursospolí�cos (nos intervalos do estado de sí�o, é lógico) e umpouco os incidentes de calçada.A maioria, sem dúvida, não se empenhava emrequintes.(Carlos Drummond de Andrade. “Modos de xingar”. Aspalavras que ninguém diz, 2011.) Na oração “— Traduzo coisa nenhuma” (5° parágrafo), otermo sublinhado pertence à mesma classe de palavrasdo termo sublinhado em:a) O lugar certo onde ocorreu a ba�da entre o Ford e ofusca eu não lembro agora.b) O senhor do Ford proferia ofensas ao jovem do fusca,pensando estar fazendo o certo.c) Para muitos, não era certo ofender com palavrassimples, �nham que cas�gar.d) Em um bate-boca, ninguém acaba falando certo, jáque as ofensas prevalecem.e) Na fala do senhor idoso, o jovemiden�ficou certo termo que desconhecia.GR0073 - (Fgvrj)Ambiente de startups parece mágico, mas burnout emmentores é alerta à comunidade[1] A pandemia acelerou a digitalização dosnegócios, alterou o comportamento do consumidor eabriu ainda mais espaço para as novas tecnologias — nãoà toa �vemos recordes de inves�mentos nas startupsbrasileiras. [5] Acredito que este ano não será diferente. Omercado está bastante aquecido e é possível que muitosnovos unicórnios, como chamamos as empresas comvalor de mercado de 1 bilhão, surjam ainda nesteprimeiro semestre. [9] O ambiente de startups parece mágico, mas averdade é que, há tempos, tenho visto CEOs no fundo dopoço. São pessoas talentosas, cria�vas e com paixão. Quedão o melhor de si, mas que se esquecem da ferramentamais importante que possuem: o hardware da própriamente. As conexões sociais são um dos pilares maisimportantes e poderosos para proteger a nossa mente.[14] Várias pesquisas apontam o aumento de transtornosmentais durante a crise da Covid-19 em todo o mundo.Um deles é a síndrome de burnout, que apresentasintomas similares aos da ansiedade e da depressão. Adiferença é que o fator determinante para essa síndromeé única e exclusivamente o trabalho. Numa tradução livre, burnout significa“totalmente queimado”. O corpo [20] queima os fusíveise desliga para evitar uma sobrecarga fatal do sistema. Éum nível de estresse extremo que leva o profissional àexaustão �sica e mental. Com o isolamento social, é muito mais fácil aspessoas mergulharem profundamente e sem qualquerrestrição no home office. O trabalho antes “full �me” foisubs�tuído pelo “full life” — muitos já não conseguemseparar vida profissional e pessoal. [25] Você vai sedesconectando do próprio corpo, despersonalizando-se,e não ouve os primeiros sinais de exaustão, como doresde cabeça e insônia recorrente. Trabalhamos com tecnologia, mas não somosrobôs. Temos emoções e às vezes elas gritam dentro dagente pedindo socorro e, se não ouvimos, o corpo dá umjeito de se fazer escutar. [31] É notável a diferença entre a estrutura denegócio de uma startup e a de empresas tradicionais. Asstartups crescem de maneira exponencial e nós, de carnee osso, podemos não acompanhar esse ritmo frené�co. O ambiente de inovação é muito compe��vo eexiste uma baita pressão. Quem está à frente dosnegócios muitas vezes nem consegue cogitar apossibilidade de fazer um intervalo ou se dar umpequeno descanso por causa do sen�mento de culpa. Terestresse é normal e até nos ajuda a tomar decisões notrabalho e na vida pessoal. Em excesso, porém, podegerar doenças psicossomá�cas. Ao insis�r, chegamos emnosso limite, que é o burnout. É preciso entender de uma vez por todas querespeitar o próprio corpo e mente também é cuidar dasua startup e dos seus colaboradores. Respire, medite,dance e reconheça momentos que te façam sen�r maisleve com a vida.Beatriz Bevilaqua,h�ps://www1.folha.uol.com.br 6/3/2021. Adaptado. Na frase “que apresenta sintomas similares aos daansiedade e da depressão” (L. 16), empregou-se “aos”para evitar a repe�ção de palavra anterior. Recurso15@professorferretto @prof_ferrettotambém des�nado a evitar repe�ção de termo anteriorocorre em:a) “A pandemia acelerou a digitalização dos negócios,alterou o comportamento do consumidor e abriuainda mais espaço para as novas tecnologias”. (ref. 1)b) “O ambiente de startups parece mágico, mas averdade é que, há tempos, tenho visto CEOs no fundodo poço”. (ref. 9)c) “Várias pesquisas apontam o aumento de transtornosmentais durante a crise da Covid-19 em todo omundo”. (ref. 14)d) “Você vai se desconectando do próprio corpo,despersonalizando-se, e não ouve os primeiros sinaisde exaustão, como dores de cabeça e insôniarecorrente”. (ref. 25)e) “É notável a diferença entre a estrutura de negócio deuma startup e a de empresas tradicionais”. (ref. 31)GR0307 - (Unesp)Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo acidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-1696). A cada canto um grande conselheiro,Que nos quer governar cabana e vinha*;Não sabem governar sua cozinha,E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um bem frequente olheiro,Que a vida do vizinho e da vizinhaPesquisa, escuta, espreita e esquadrinha**,Para o levar à praça e ao terreiro. Muitos mulatos desavergonhados,Trazidos sob os pés os homens nobres***,Posta nas palmas toda a picardia, Estupendas usuras nos mercados,Todos os que não furtam muito pobres:E eis aqui a cidade da Bahia.(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.) * Vinha: terreno com videiras.** Esquadrinha: examina minuciosamente.*** Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão deGregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugamcom esperteza os verdadeiros “homens nobres”. No soneto, o pronome “o” refere-se aa) “mundo”.b) “terreiro”.c) “conselheiro”.d) “olheiro”.e) “vizinho”.GR0079 - (Uema)O fragmento a seguir foi extraídodo capítulo Despedidaàs travessuras. Nele, narram-se as traquinagens deLeonardo durante uma procissão que representava a via-sacra.[...] Era a via-sacra do Bom Jesus.Há bem pouco tempo exis�am ainda em certasruas desta cidade cruzes negras pregadas pelas paredesde espaço em espaço.Às quartas-feiras e em outros dias da semanasaía do Bom Jesus e de outras igrejas uma espécie deprocissão composta de alguns padres conduzindo cruzes[...] Caminhavam eles em charola atrás da procissão,interrompendo a cantoria com ditérios em voz alta, orasimplesmente engraçados, ora pouco decentes; levavamlongos fios de barbante, em cujaextremidade iam penduradas grossas bolas de cera. Se iapor ali ao seu alcance algum infeliz, a quem os anos�vessem despido a cabeça dos cabelos, colocavam-se emdistância conveniente e, escondidos por trás de um ou deoutro, arremessavam o projé�l que ia bater em cheiosobre a calva do devoto; puxavam rapidamente obarbante, e ninguém podia saber donde �nha par�do ogolpe. Essas e outras cenas excitavam vozeria egargalhadas na mul�dão.Era a isto que naqueles devotos tempos sechamava correr a via-sacra.ALMEIDA, M. A. Memórias de um Sargento de Milícias.Porto Alegre: L&PM, 2015. Os pronomes demonstra�vos, em certos contextos, alémde sua função coesiva, atuam como recurso es�lís�co.Em “Era a isto que naqueles devotos tempos se chamavacorrer a via-sacra.”, o pronome “isto”, ao retomar oparágrafo anterior, e associado ao adje�vo devotos,sugere, na fala do narrador, um toma) confessional.b) convencional.c) comovido.d) deprecia�vo.e) vacilante.GR0535 - (Pucpr)Este ano é um ano de libertação para Charlo�eGainsbourg (Londres, 50 anos). (...). “Para mim, foi di�cil16@professorferretto @prof_ferrettodeixar para trás os seis anos que moramos em Nova York,em que fui muito feliz, e voltar a Paris, a cidade queconheço tão bem com todos os seus fantasmas. Percebique este ano estava dedicado aos meus pais, que foi umanecessidade”.Disponível em: . Acesso em: 29/8/21. A combinação “Para mim, foi”, destacada no texto, éa) incorreta porque o pronome oblíquo “mim” não podeanteceder verbo. b) inadequada porque o pronome deveria ser “eu” paraser sujeito do verbo. c) uma maneira de representar a informalidade da falada ar�sta, traduzida do francês. d) correta porque o pronome pessoal não ocupa afunção de sujeito. e) adequada porque exerce função de objeto direto naorganização da frase em que ocorre.GR0312 - (Unesp)Na fala do pai, os dois pronomes rela�vos “que” referem-se, respec�vamente, aa) “vida” e “Deus”.b) “momento” e “caminho”.c) “Deus” e “caminho”.d) “momento” e “Deus”.e) “vida” e “fortuna”.GR0067 - (Cefet-mg)O coração roubadoEu cursava o úl�mo ano do primário e como jáestava com o diplominha garan�do, meu pai me deu umpresente muito cobiçado: Coração, famoso livro doescritor italiano Edmondo de Amicis, bestseller mundialdo gênero infantojuvenil. Na página de abertura lá estavaa dedicatória do velho, com sua inconfundível letraesparramada. Como todos os garotos da época,apaixonei-me por aquela obra-prima e tanto que a levavaao grupo escolar da Barra Funda para reler trechos norecreio.Justamente no úl�mo dia de aula, o dasdespedidas, depois da fes�nha de formatura, voltei paraa classe a fim de reunir meus cadernos e objetosescolares, antes do adeus. Mas onde estava o Coração?Onde? Desaparecera. Tremendo choque. Algum colegana certa o furtara. Não teria coragem de aparecer emcasa sem ele. Ia informar à diretoria quando, passandopelas carteiras, vi a lombada do livro, bem escondido sobuma pasta escolar. Mas... era lá que se sentava o Plínio,não era? Plínio, o primeiro da classe em aplicação ecomportamento, o exemplo para todos nós. Inclusive omais limpinho, o mais bem penteadinho, o mais tudo.Confesso, hesitei. Desmascarar um ídolo? Podia ser atéque não acreditassem em mim. Muitos invejavam oPlínio. Peguei o exemplar e o guardei em minha pasta.Caladão. Sem revelar a ninguém o acontecido. Lembro doabraço que Plínio me deu à saída. Parecia segurando aslágrimas. Balbuciou algumas palavras emocionadas. Malpude retribuir, meus braços se recusavam a apertar ocínico.Chegando em casa minha mãe estranhou que eunão es�vesse muito feliz. Já preocupado com o ginásio?Não, eu amargava minha primeira decepção. Afinal,Plínio era um colega que devíamos imitar pela vida afora,como costumava dizer a professora. Seria mais di�cilsobreviver sem o seu exemplo. Por outro lado,considerava se não errara em não delatá-lo. “Vocês estãotodos enganados, e a senhora também, sobre o caráterde Plínio. Ele roubou meu livro. E depois ainda foi meabraçar...”.Curioso, a decepção prolongou-se ao livro deAmicis, verdadeira vitrina de qualidades morais dosalunos de uma classe de escola primária. A história deum ano le�vo coroado de belos gestos. Quem sabe oautor não conhecesse a fundo seus próprios17@professorferretto @prof_ferrettopersonagens. Um ingênuo como nossa professora.Esqueci-o.Passados muitos anos reconheci o retrato dePlínio num jornal. Advogado, fazia rápida carreira naJus�ça. Recebia cumprimentos. Brrr. Magistrado defuturo o tal que furtara meu presente de fim de ano! Quetoldara muito cedo minha crença na humanidade! Decidifalar a verdade. Caso alguém se referisse a ele, o quepassou a acontecer, eu garan�a que se tratava de umladrão. Se roubava já no curso primário, imaginemagora... Sempre que o rumo de uma conversa levava àsgrandes decepções, aos enganos de falsas amizades, eucontava, a quem quisesse ouvir, o episódio doembusteiro do Grupo Escolar Conselheiro Antônio Prado,em breve desembargador ou secretário de Jus�ça.− Não piche assim o homem adver�u-me minhamulher.− Por que não? É um ladrão!− Mas quando pegou seu livro era criança.− O menino é o pai do homem reba�a,vigorosamente.Plínio fixara-se como um marco para mim. Todavez que o procedimento de alguém me surpreendia, aface oculta de uma pessoa era revelada, lembrava-meirremediavelmente dele. Limpinho. Penteadinho. E com amão de gato se apoderando de meu livro.Certa vez tomara a sua defesa:− Plínio, um ladrão? Calúnia! Re�re-se da minhapresença!Quando o desembargador Plínio já estavaaposentado mudei-me para meu endereço atual. Durantea mudança alguns livros despencaram de uma estanteimprovisada. Um deles, Coração, de Amicis. Saudades.Havia quantos anos não o abria? Quarenta ou mais?Lembrei da dedicatória de meu falecido pai. Ele �nha boaletra. Procurei-a na página de rosto. Não a encontrei.Teria a �nta se apagado? Na página seguinte havia umadedicatória. Mas não reconheci a caligrafia paterna.“Ao meu querido filho Plínio, com todo amor ecarinho de seu pai”.REY, Marcos. O coração roubado. In: MACEDO, Adriano(org.). Retratos da escola. Belo Horizonte: Autên�ca.2012. p. 69-71. Considerando-se a leitura do 3º e do 4º parágrafos, em“Esqueci-o”, o pronome sublinhado retoma a expressão:a) Plínio.b) exemplo.c) ano le�vo.d) livro de Amicis.e) Nenhuma das alterna�vas anteriores.GR0262 - (Unesp)O caboclo mal-encarado que encontrei um diaem casa do Mendonça também se acabou em desgraça.Uma limpeza. Essa gente quase nunca morre direito. Unssão levados pela cobra, outros pela cachaça, outrosmatam-se.Na pedreira perdi um. A alavanca soltou-se dapedra, bateu-lhe no peito, e foi a conta. Deixou viúva eórfãos miúdos. Sumiram-se: um dos meninos caiu nofogo, as lombrigas comeram o segundo, o úl�mo teveangina e a mulher enforcou-se.Para diminuir a mortalidade e aumentar aprodução, proibi a aguardente.Concluiu-se a construção da casa nova. Julgo quenão preciso descrevê-la. As partes principais apareceramou aparecerão; o resto é dispensável e apenas podeinteressar aos arquitetos, homens que provavelmentenão lerão isto. Ficou tudo confortável
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